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Abelhas sem ferrão: um mundo dentro da caixa

“Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”
Por muito tempo o homem acreditou ser senhor do seu destino, estão no topo da cadeia alimentar, fazem e acontecem, ignoram todas as boas práticas com outras espécies coexistentes na terra e julgam-se quase deuses onde tudo e todos devem curvar-se a sua soberania e vontade para que este cresça e multiplique-se sem se importar com as consequências. Por muito tempo o homem acreditou, hoje não acredita mais. Desmatamento, queimadas, caças predatórias, os males que fizemos (e ainda fazemos) ao mundo que vivemos foram tantos e tão numerosos. Hoje temos consciência, ainda pequena, é verdade, de que não podemos fazer o que queremos, precisamos aprender a existir em harmonia em um mundo que não é apenas nosso mas de muitas espécies que aqui vivem e que são essências a toda vida como conhecemos e uma delas são as abelhas.
Einstein já dizia a muito tempo que “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência”. A frase parece sensacionalista ou mesmo exagerada mas é fácil entender quando se percebe o macro ambiente em que as abelhas estão inseridas e o seu papel tão crucial para o planeta e para o equilíbrio dos ecossistemas. Na busca do pólen, seu alimento, estes insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Esta polinização é indispensável, pois é através dela que cerca de 80% das plantas se reproduzem. “Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.” Assim, as abelhas afetam a nossa vida diariamente sem que nós nos apercebamos disso.
Aí você deve pensar: legal, o Confra está ajudando a manter o equilíbrio no meio ambiente, cultivando abelhas sem ferrão para ajudar na polinização do mundo. Mas o que um restaurante tem haver com isso? Nossa missão enquanto restaurante é expressar nossos valores resultando em experiências memoráveis a todos com quem nos relacionamos e um de nossos valores é a sustentabilidade. A nível alimentar, aproximadamente dois terços dos alimentos que ingerimos são produzidos com a ajuda da polinização das abelhas. É praticamente unanimidade entre biólogos que manter uma colmeia sem ferrão na sua propriedade aumenta a produtividade das culturas de alimentos tradicionais, garantindo a produção de alimentos que dependem da polinização das abelhas. Este é o reconhecimento de que, sem as abelhas, a segurança alimentar da humanidade esta ameaçada.
A utilização excessiva de pesticidas ou agrotóxicos destinados a matar alguns animais que afetam a agricultura, tem vindo, igualmente, a matar abelhas. De forma semelhante, outros químicos, utilizados para promover um maior crescimento das plantas, prejudicam a polinização, colocando em risco o próprio ecossistema. Assim, por exemplo, o uso de Clothianidin, pesticida que causa a Colony Collapse Disorder, que consiste num envenenamento com uma neurotoxina para insetos, tem vindo a ser associada à morte maciça de abelhas em França e na Alemanha. O pólen é contaminado, em média, por nove pesticidas e fungicidas diferentes, mas os cientistas já chegaram a descobrir 21 agrotóxicos numa única amostra.
O resultado destes comportamentos é inquietante. Na Europa e América do Norte, entre 50% a 90% das populações de abelhas desapareceram. Nos EUA vários cientistas alertam para que as suas abelhas estão a morrer misteriosamente, fato que se designa por Síndrome do Colapso das Colônias. Estima-se que mais de 10 milhões das colmeias desapareceram em 6 anos. Portugal, um dos países menos afetados, ainda assim entre 2004 e 2007 se estima que tenham morrido cerca de 3,5 milhões de abelhas no país.
Mas o que fazer para evitar este colapso global que seria causado se as abelhas fossem então extintas? São muitas as medidas possíveis. Investir em uma gastronomia sem uso de agrotóxicos, o desenvolvimento de remédios para evitar doenças em abelhas ou como o projeto do vereador Eugênio Juraszek que desenvolve um programa em parceria com profissionais e instituições para a preservação de espécies de abelhas nativas sem ferrão são algumas delas, mas fogem do alcance de nós meros mortais. Para fazer nossa parte investimos em preservação com o cultivo de colmeias como estas, inofensivas aos humanos e também à disseminação de conteúdo relacionado como este post, para que mais e mais pessoas saibam da importância de preservação das abelhas. Assim, ajudamos ao homem abrir seus olhos e ver que seu mundo não é só seu. E apesar de seu tamanho, o mundo cabe em uma caixa.
ABELHA JATAÍ
Esta é uma especie dócil de abelha genuinamente brasileira. Não oferecem mal algum. Apresenta cabeça e tórax pretos, abdômen escuro e pernas pardacentas, podendo medir até quatro milímetros de comprimento. Dentro da colmeia são muito bem divididas nas seguintes classificações:
• Operárias: responsáveis pelos afazeres na colmeia (cortejo da rainha, auxilio da oviposição, armazenamento de pólen, controle dos estoques de mel, etc);
• Soldado: realizam a segurança da colmeia e costumam ficar voando próximo à entrada para garantir que nenhum invasor se aproxime;
• Machos: não ajudam dentro da colmeia, mas sim deixam a colmeia para se reproduzir e nunca mais voltar. O seu investimento em seu crescimento visa apenas a possibilidade de passar seus genes durante a reprodução com outras rainhas virgens;
• Rainhas: são raras dentro da colmeia, uma vez que apenas uma rainha acasalada é necessária para cada colmeia;
Uma colmeia de Abelha Jataí vista por dentro. É possível ver ao centro o disco onde são depositado os ovos e, nas laterais, os copos de pólen e mel
Para defender o ninho, entre dois e 45 soldados estão estacionados nesta entrada a todo o momento. Existem dois tipos de soldados da T. Angustula. Um tipo ficará no tubo e detectará abelhas da mesma espécie que não pertencem à colmeia. O segundo tipo irá passar perto da entrada do tubo e defender contra intrusos voadores que não são T. Angustia. A noite este tubo é selado sendo reaberto somente no outro dia.
Referência bibliográficas:
Extinção das abelhas provocaria extinção em 4 anos
Abelha Jatai: SOS abelhas sem ferrão
Apicultura.gov
6 comments on “Abelhas sem ferrão: um mundo dentro da caixa”
Magno
Quanto custa a colmeia de Jataí
Tenho dois amigos em Araucária que moram no interior, que acredito gostariam de disseminar está ideia
Confra
Olá Magno, os preços variam conforme apicultor, mas encontras de R$ 150 até R$ 500, dependendo o tipo da caixa e tamanho da colmeia.
Paulo Patinho
Olá. O que preciso fazer para poder levar abelhas asf do Brasil para Portugal?
É legal fazer isso ?
Obrigado
Confra
Olá Paulo, tudo certo? Creio que a forma mais fácil seria tentar encontrar um apicultor em Portugal mesmo, não sei como seria o transporte e se é permitido, creio que essa informação consegues direto com as agências de viagem. Mas caso seja possível, a caixa de abelha tem que estar bem fechada para as abelhas não saírem mas ao mesmo tempo a saída delas deve ser fechada com algo que ainda permita que entre oxigênio (usamos palha de aço enroladinha para pequenos trajetos), então acaba sendo uma missão um tanto quanto difícil somado a fragilidade e cuidado no manuseio da colmeia.
Carlos Bugia
Gostaria de adquirir uma colméia pequena para meu jardim.
Disponho de r$ 250,00
Confra
Olá Carlos! Que legal, com este valor você consegue realizar esse desejo! Abraços